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quinta-feira, março 23, 2023
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Brasileiro cria Maverick V8 Monster 4×4

“A ideia foi unir a paixão pelo muscle V8 e o poder do 4×4”, disse o customizador de veículos Rodrigo Otávio Nascimento, de Curitiba (PR), proprietário do Ford Maverick Monster, quando questionado sobre o motivo de ter dado ao Mavecão pneus enormes e tração de jipe.

O Ford Maverick chegou ao Brasil em 1973 com a missão de fazer frente ao Chevrolet Opala. Com visual inspirado nos muscle cars americanos – país de origem de sua fabricante -, o modelo ganhou espaço rapidamente no mercado, que era dominado pelos modelos refrigerados a ar da Volkswagen.

Durante sua trajetória por aqui, foi equipado com motores quatro-cilindros 2.3 de 99 cv, seis-cilindros 3.0 de 112 cv e o famoso V8 5.0 de 197 cv. Este último era o destinado a conter a ofensiva dos importados da Dodge. E é justamente ele quem move o protagonista desta história.

Segundo o customizador, a ideia do projeto veio antes mesmo de adquirir o Ford. O sonho de montar um muscle 4×4 se tornou realidade no início deste século, quando, em 2000, Rodrigo adquiriu o Maverick SL 1976 na cor vermelha.

A cor foi a primeira surpresa do projeto. “Quando comprei já era vermelho, mas descobri que a cor original era amarela”, disse o proprietário. Mas, como pode se ver nas fotos cedidas gentilmente por Pyetra Nascimento – filha de Rodrigo -, o vermelho foi mantido.

No início da construção do Mavecão 4×4, Nascimento tinha apenas 20 anos e utilizava as técnicas aprendidas na mecânica 4×4, em que trabalhava durante o dia, para dar sequência à construção do jipe à noite.

É comum que em customizações para trilha ocorram unindo a carroceria do veículo pretendido a uma estrutura em chassi de longarina que já tenha a caixa da transmissão manual com tração 4×4 e reduzida.

O motivo é simples: robustez. O chassi de longarina – que é base de construção das picapes médias vendidas no Brasil – é mais “parrudo” que o monobloco, que compõe os modelos populares vendidos no mercado nacional. Já o fato de ter a transmissão propícia para o off-road é o facilitador que diminui o número de adaptações durante o processo de fabricação.

No caso do Maverick, o customizador manteve a estrutura do modelo e fez leves adaptações para encaixar todos seus itens. “Ele não possui chassis [de longarina]. Comprei o carro e, durante a restauração, fui adquirindo as peças para a transformação. Muitas outras partes eu mesmo fui confeccionando”, afirmou.

A primeira etapa foi a funilaria. Depois vieram as adaptações para o carro receber motor, câmbio, tração, suspensão, direção e gaiola de proteção. Esta última, segundo o dono, é a principal responsável por manter o carro seguro e é ligada a toda a estrutura monobloco – que é original.

“Tudo é interligado na gaiola interna, que serviu como subestrutura para reforçar a estrutura do carro. É como se fosse um chassi interno. Desde a frente, na fixação do motor e caixa, até a traseira do carro no ponto de reboque, passando por toda a suspensão”, disse Rodrigo.

A receita do projeto é suculenta. Começa pelo já citado motor V8 de 197 cv. Essa configuração de propulsor é original dos Maverick da época, mas o motor do Maverick Monster 4×4 veio de um Ford Landau, que também usava os 302 dos chamados “blocos pequenos” americanos.

Ele é aliado à transmissão manual de cinco marchas da Ford F1000 norte-americana – com sistema overdrive no lugar da quinta marcha -, que substitui o tradicional câmbio manual de quatro marchas com acionamento pelo assoalho, original do SL na época.

O sistema de tração e reduzida vem dos jipes da família Willys, mas, para permitir o seu acionamento, Rodrigo fabricou uma falange.

Com isso, o antigo conjunto motriz que fazia o Maverick acelerar de 0 a 100 km/h em 11 segundos deu lugar à força bruta. E um dos principais sinais de que o muscle abandonou as pistas para se aventurar no off road é o sistema de suspensão.

O conjunto com eixo dianteiro independente e o traseiro do tipo eixo rígido com molas helicoidais deu lugar a sistemas fourlink e com feixes de mola, respectivamente. Outra mudança está nos jogos de rodas, que trocaram os tradicionais pneus 235/60 R14 por modelos para uso fora de estrada com incríveis 35 polegadas de diâmetro.

Os novos conjuntos estão presos aos eixos Dana 44, da Rural Willys, que substituíram os originais do Ford. E se você pensa que acabou, está enganado.

Rodrigo ainda instalou uma embreagem com atuador hidráulico e adaptou a direção hidráulica do Chevrolet Omega para aliviar todo o peso do projeto na hora de guiar na trilha.

Questionado sobre as dificuldades para a montagem do projeto, o proprietário diz que não houve problemas, porque mesmo que as peças utilizadas sejam de veículos diferentes, o encaixe foi feito facilmente.

“Tudo se encaixou como uma luva. Parecia até que o carro já tinha uma preparação para um upgrade desses, mesmo que eu tenha elaborado e desenvolvido todas as partes”, disse Nascimento.

Foram tantas mudanças que o proprietário se perdeu nas contas dos gastos. Questionado sobre o valor do investimento, estima que “hoje não sairia por menos de R$ 100 mil”.

Toda a construção levou 12 anos. Segundo ele, o veículo impressionou por, logo no primeiro teste na terra, ter feito o circuito sem problemas. “Já na primeira viagem, fomos para uma trilha distante e ele se comportou de forma impressionante, sem nenhum problema”, disse.

Com o veículo já montado, os planos para o futuro ficam concentrados em duas questões. A primeira delas é a tão sonhada regularização, que busca há tempos, mas que tem seus empecilhos porque, segundo ele, as modificações feitas no Maverick costumam ser aceitas só em picapes.

O passo seguinte é… vender o Monster 4×4. Isso mesmo! Oito anos após concluir o projeto e utilizá-lo em suas aventuras, Rodrigo acredita que chegou a hora de passar o Mavecão lameiro para frente.

A pedida é R$ 120 mil. E, segundo o dono, “o Maverick se encontra em ordem de marcha. É só acelerar!”

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